domingo, 6 de setembro de 2009

A globo não dá nó sem ponta


Alguns meses atrás, a toda poderosa Rede Globo de Televisão veiculou no Jornal Nacional, o carro chefe do jornalismo da emissora, uma série de reportagens com o tema “Os evangélicos” e para surpresa geral ela não expôs nossas chagas, não nos espancou como comumente faz, nem nos tratou como um monte de fanáticos e ignorantes dirigidos por estelionatários que vivem da fé de incautos. Pelo contrário, a reportagem mostrou programas sociais realizados por algumas Igrejas e melhorou a nossa imagem perante a sociedade brasileira.
O que levou a globo a dar tamanha visibilidade à igreja? Será que ela se dobrou ante a evidência da importância social dos evangélicos? Converteu-se algum executivo importante na emissora? Porque a nossa arquiinimiga tornou-se nossa aliada? Poderíamos fazer uma infinidade de perguntas, mas as respostas não são absolutas.
Tenho minha tese sobre o assunto, mas de cara quero deixá-los à vontade para discordarem dela. Para mim, a Globo (usando o jargão popular) não dá água a pinto. Ora, a emissora nunca se mostrou preocupada com a nossa opinião, nunca fez questão de marcar a diferença que de fato há entre igrejas bíblicas e sérias, com seus líderes éticos e as muitas pseudo-igrejas e seus donos (sim, estas igrejas tem donos e muitos agem como donos não só do patrimônio, mas das próprias ovelhas) picaretas que se propagam nas esquinas da fé, como erva daninha.
O fato é que a emissora sempre nos tratou mal, sempre partiu do particular para o geral, e só nos tem jogado em rede nacional para malhar, para expor falcatruas de falsos pastores e de pretensas igrejas evangélicas. Antes dessa série de reportagens, para uma igreja ser noticia na Rede Globo, era preciso ser “fichada na polícia” e frequentar páginas policias de jornalecos sensacionalistas de terceira categoria.
Vem dessa constatação, a tese de que a emissora nos afagou com excelentes reportagens, para depois bater sem dó nem piedade em Edir Macedo e na sua emissora. Não que o Bispo Macedo seja inocente, um exemplo de probidade, um homem acima de qualquer suspeita, uma vítima desprotegida da diabólica emissora. Na minha humilde opinião, não há inocentes nessa briga, que tem como pano de fundo a disputa pelos desejados índices do instituto que mede a audiência da televisão e que, consequentemente, determina o valor comercial do seu espaço para propaganda.
Não tenho nenhuma dúvida de que o “Bispo” tem muito que explicar. A minha dúvida é se ele vai conseguir explicar à policia federal como todo aquele dinheiro (dez milhões em dinheiro vivo), que segundo o Banco Central devia estar circulando em Minas Gerais, foi parar nos cofres da Universal em Manaus. Ainda que essa pequena fortuna - considerando o patrimônio da universal- seja originária de arrecadação de dízimos e ofertas, é, no mínimo, estranho um “pastor viajar carregando dez milhões de reais escondidos”.
A forma como a IURD lida com dinheiro é estranha para não dizer outra palavra. Pagar à Rede Record quatro vezes mais que o valor de mercado pelo tempo que a igreja usa para transmitir os seus programas, inegavelmente, é transferência ilegal e imoral de recursos para a emissora e, consequentemente, para o patrimônio de uns poucos eleitos que a dirigem.
Entretanto o ultimo censo do IBGE aponta que mais de 26 milhões de brasileiros são evangélicos, um número que não deve ser ignorado. Qualquer empresa, com o mínimo de visão, nos verá como um nicho a ser explorado, daí porque a poderosa globo mudou de estratégia e nos fez um afago antes de jogar no ventilador da mídia nacional a lama fétida do charco financeiro da IURD.
Logo, a Globo não dá nó sem ponta, pois sabe que, comercialmente falando, não é nada inteligente tratar mal 26 milhões de brasileiros. Cair em desgraça junto aos evangélicos é perder a oportunidade de explorar economicamente um segmento da população que tem crescido ano após ano, entre todas as classes sociais do país. Não nós enganemos, somos consumidores, como consumidores não importa no que cremos, mas o quanto podemos comprar.

Ivan José

Um comentário:

  1. Penso como você também Ivan, e acredito que a Globo assim como ideologicamente é apolítica (no sentido de não ter uma ideologia política para focar), mas estará sempre do lador do poder se transmutando em cada mimento; assim mesmo se comporta em relação à Religião. Acho até que ao sermos mais de 50% no país a Globo será marcadamente a emissora que mais nos fará afagos.
    Inaldo Ribeiro

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